Confiança: o elo invisível entre o remador e sua canoa
- Caio Carvalho
- 16 de mai.
- 5 min de leitura
É com grande alegria que escrevo esta primeira matéria para o VAA PARA SEMPRE, agradecendo imensamente ao Prof. Marcelo Dias pelo espaço.

Mais do que compartilhar reflexões sobre o universo da canoagem havaiana, este também será um lugar onde pretendo, regularmente, conciliar dois mundos que fazem parte da minha vida: o esporte e o mundo dos negócios.
Falo não apenas como remador, mas como alguém que cresceu no esporte, vivendo a experiência de multiatleta, participando de diferentes modalidades ao longo da vida — todas me ensinando lições valiosas sobre liderança, resiliência, trabalho em equipe e superação. O esporte sempre foi minha escola, meu laboratório de pessoas, meu espaço de autodescoberta.
E quanto mais caminho entre o Va’a e o mundo corporativo, mais vejo o quanto essas duas realidades se encontram. Assim como em uma canoa, no mundo dos negócios ninguém rema sozinho. É preciso alinhar ritmo, respeitar papéis, confiar no leme que guia e manter a confiança como o elo invisível que sustenta a jornada — seja no mar ou no seu clube de canoa, que também funciona como uma empresa.
O que faz um remador escolher uma equipe? O que o motiva a remar mais uma vez naquela canoa? O que sustenta o laço entre atleta, treinador, clube e o próprio mar?
No Va’a, muito mais do que técnica e força, existe um elo invisível que conecta todos os envolvidos: a confiança.
A confiança de que a canoa vai responder. De que o leme vai tomar a decisão certa na hora certa. De que o time vai remar junto, no mesmo ritmo, no mesmo espírito. De que o treino, a travessia ou o campeonato estão alinhados com um propósito maior.
Mas fica uma pergunta provocadora: será que o remador escolhe uma equipe apenas pela “reputação” daquele clube ou daquele atleta específico? Ou será que o que realmente sustenta essa escolha é tudo o que foi construído, vivido, cultivado a partir dessa reputação?
Porque:
➡️ Reputação sem lastro não segura remada.
➡️ Reputação sem prática não sustenta equipe.
➡️ Reputação sem confiança construída é só aparência.
Por isso, no fundo, um clube de canoagem também precisa ser construído como uma marca. Ele precisa ter cultura própria — não apenas reproduzir referências de uma prática milenar, mas criar sua identidade. Tem liderança, time, propósito, posicionamento e, acima de tudo, reputação.
E, assim como no mundo dos negócios, ninguém rema sozinho. É preciso alinhar ritmo, respeitar papéis, confiar no leme que guia e cuidar do elo invisível da confiança — seja no mar ou no seu clube, que também carrega a responsabilidade de cultivar uma reputação viva, forte e verdadeira.
A confiança como ativo intangível no Va’a — e na construção da reputação do seu clube
No universo da canoagem havaiana, a confiança não se limita a acreditar no outro. Ela precisa estar presente em cada fase da jornada:
✅ Na construção da canoa, onde artesãos, clubes e remadores confiam no trabalho manual que carrega tradição, técnica e história.
✅ No alinhamento da equipe, onde a confiança permite largar remadas no momento certo, mesmo quando o corpo já pede para parar.
✅ No relacionamento com o mar, porque navegar sem confiança nas condições, no equipamento e na própria leitura do oceano é arriscar mais do que performance: é segurança.
E essa confiança, ao longo do tempo, vai moldando a reputação do seu clube. Porque a reputação não está só no nome ou no uniforme. Reputação é o que as pessoas sentem, falam e percebem quando ouvem o nome do seu clube. É o conjunto de valores, ações, ambições e compromissos que se constrói — remada por remada.
O que podemos aprender com os dados?
Um estudo recente, da consultoria Chadwick Martin Bailey, revelou que a confiança do público varia conforme o setor ou contexto da marca.
👉 No levantamento, “Dependabilidade” (Confiabilidade) apareceu como um dos pilares mais valorizados em setores onde performance, responsabilidade e entrega são essenciais.
Traduzindo para o Va’a: o remador quer confiar que o clube entrega o que promete. Que o treino acontece como combinado. Que o leme sabe onde está indo. Que a canoa está pronta, segura, em boas condições. Que as lideranças honram os valores da equipe e os acordos feitos.
A confiança, no contexto de um clube de canoagem havaiana, nasce da consistência, da responsabilidade, da coerência entre discurso e prática.
Mais do que palavras ou boas intenções, é a confiabilidade do clube que transforma remadores em uma família e uma equipe em um verdadeiro time.
Os pilares da confiança no Va’a — e na reputação do clube
O estudo aponta quatro pilares principais da confiança, todos aplicáveis ao clube:
Confiabilidade (Dependability): cumprir o que promete — no treino, no horário, na organização, na retirada da canoa da água.
Valores Compartilhados (Shared Values): alinhamento com os valores culturais e espirituais do Va’a.
Integridade (Integrity): coerência entre discurso e prática, respeito aos acordos, ética nas decisões.
Inovação (Innovation): buscar melhorias sem perder a essência.
Esses pilares não são apenas conceitos. Eles precisam estar presentes na liderança, na comunicação, no treino, no dia da prova, no relacionamento com os remadores. São eles que sustentam uma reputação viva e confiável — dentro e fora da água.
Como você mede a confiança no seu clube?
A confiança pode (e deve) ser medida periodicamente — no nosso caso, fazemos isso a cada seis meses. E, assim como no mundo dos negócios, medir a confiança no clube vai além de olhar resultados ou performance. É preciso entender o que as pessoas estão sentindo, pensando, vivenciando no dia a dia.
👉 Você já parou para ouvir de verdade os remadores da sua equipe? Os técnicos, os voluntários, os familiares que apoiam?
Trago algumas dicas para darem check e provocarem uma boa reflexão:
✅ Feedbacks pós-treino e pós-evento, presenciais ou por formulário.
✅ Conversas abertas e rodas de diálogo com os remadores e lideranças.
✅ Monitoramento das redes sociais e comentários da comunidade.
✅ Pesquisas internas — inspiradas nas pesquisas de clima das empresas — para mapear o ambiente, o sentimento de pertencimento, a percepção de respeito, a clareza da comunicação.
✅ Acompanhamento de quem permanece e de quem decide sair da equipe, ouvindo suas razões.
👉 Porque medir confiança não é só contar medalhas e vitórias. É criar canais seguros de escuta, dar espaço para as vozes internas e estar disposto a agir a partir do que se ouve.
👉 No fim das contas, a confiança não se impõe — se constrói, se rega, se renova a cada remada.
Que a confiança siga sendo o nosso leme — invisível, mas firme — guiando cada remada, cada evento, cada conexão no oceano.
Quer ler o estudo completo (em inglês)? Ele está disponível gratuitamente neste link.
Se interessou em aplicar uma pesquisa de clima no seu clube? acesse este conteúdo gratuito.
Até a próxima. Aloha!
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