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Presença é o leme invisível: como liderar uma base com mais escuta e menos ruptura

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Remar em equipe exige mais do que força e sincronia.

Exige presença, escuta e humildade — dentro e fora da água.


E isso vale especialmente para quem lidera uma base de canoa havaiana.


Ao longo dos meus dois anos remando em diferentes clubes, observei padrões que se repetem: donos ausentes, equipes sobrecarregadas, alunos antigos desmotivados, rupturas silenciosas... ou alguma vezes, barulhentas.


Esse texto é um convite à reflexão para quem está à frente de um clube ou base — e precisa aprender a liderar com menos ego e mais presença. Porque, no fim, o que afasta as pessoas não é a táboa da maré — é a falta de conexão.


1. Liderar não é só delegar — é apoiar


Em muitas bases, a operação gira na mão de uma ou duas pessoas que tocam tudo: treinos, alunos, equipamentos, mensagens.E o dono? Às vezes, aparece só quando tem problema.


Confiar na equipe é importante. Mas isso não substitui o papel de apoiar.E apoio se constrói com presença real: física e emocional.


Perguntar como a equipe está. Estar por perto. Reconhecer os esforços.


Liderar é dividir, não apenas repassar.


2. Feedback não é bronca — é construção conjunta


Times pequenos sentem tudo mais forte. Por isso, a forma de dar feedback importa tanto.


Um comentário atravessado pode virar mágoa.Uma crítica sem contexto pode virar ruptura.


Crie espaços regulares de conversa.


Um café pós-aula, uma reunião curta por semana. Antes que o silêncio se transforme em distanciamento, construa um canal de escuta com quem está contigo.


3. O ego é o maior inimigo do líder


Em muitos clubes, tanto com a equipe quanto com os alunos mais antigos, o ego vira obstáculo.


Já vi líderes que se tornaram quase “intocáveis”. Pessoas que não admitem críticas. Que evitam conversa. Que tomam toda e qualquer divergência como ameaça.


Mas liderança real se sustenta na humildade.Quem não escuta, não evolui. E quem não evolui, afunda.


Tente perguntar para sua equipe:


“Se você fosse dono da base por um mês, o que mudaria?”

A resposta pode doer. Mas vai te fazer crescer.


4. O impacto da ausência: sua equipe sente, seus alunos percebem


Quem está no dia a dia com os alunos vê tudo — inclusive a falta do líder.

Quando o dono se distancia, a equipe sente que está sozinha. E, mesmo sem intenção, os alunos percebem o vazio.


Recebi recentemente uma mensagem de um amigo e remador experiente, dizendo:


“Fala meu brother! Pois é, estou um pouco afastado da canoa; está faltando motivação. Não curto muito remar sem um foco maior, apenas remadas que parecem mais "passeios" acabam me deixando desanimado.”

Isso revela mais do que uma preferência de treino. Mostra que quando a base perde propósito e cuidado, até quem ama remar se desanima.


5. Quando alguém sai — aluno ou membro da equipe — o que isso diz sobre você?


A dor é real.Quando um instrutor sai para abrir outra base… ou quando um aluno antigo simplesmente para de remar…É comum pensar:


“Me traiu.”“Levou os alunos.”“Não teve gratidão.”

Mas a pergunta mais poderosa é:


“O que essa saída revela sobre o clima da base?”

Talvez a pessoa não via mais espaço para crescer. Talvez não se sentia ouvida. Talvez você mesmo, como líder, não esteja presente o suficiente.


Nem todo afastamento é rebeldia. Às vezes, é falta de vínculo.


6. Alunos antigos: entre respeito e limite


Ter alunos que remam há anos é um presente.Mas, se não houver clareza, isso pode virar um problema.


  • Aluno antigo começa a se sentir dono do espaço.

  • Dá opinião em tudo.

  • Questiona abertamente as decisões.

  • Cria clima ruim — muitas vezes, sem perceber.


Você precisa saber equilibrar isso com respeito e firmeza.Valorizar a história, sim. Abrir mão da liderança, não.


Dê espaço, mas mantenha os limites claros.


7. Uma base forte se constrói com vínculo — não com autoridade


Se você quer manter sua base firme, precisa cultivar três pilares:


  • Escuta ativa: com sua equipe e com seus alunos.

  • Presença real: não só para dar ordens, mas para dividir.

  • Coerência entre discurso e ação: se você prega união, precisa praticar união.


No fim, ninguém segura uma base sozinho. Mas também não adianta querer que os outros segurem por você.


Se quiser remar longe, reme junto


As maiores rupturas que vi nesses apenas dois anos remando não vieram de grandes brigas.Vieram do acúmulo de silêncios, ausências, egos inflados e falta de conversa.


Liderar uma base, um clube, é mais do que administrar horários.


É cuidar de gente. De energia. De vínculos. De propósitos.


E, às vezes, para manter o clube navegando bem, o mais importante não é remar mais forte — é saber parar, escutar e ajustar o leme.

 
 
 

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